Eu já vi a Souza Naves interditada em homenagem a motoserra que podou os galhos de uma árvore de mais de 30 metros de altura. Mas não tinha visto uma mulher ameaçando se atirar de um prédio, do l8º andar, vítima de depressão. 49 anos, mãe de 3 filhos, chamada Marina, foi levada ao hospital pelo Siate depois de mais de uma hora de negociações. Ela foi a imobliária e pediu as chaves de um apartamento com disposição de alugar o imóvel. Teve seu momento de celebridade. Os curiosos se limitaram a observar a cena, sem nenhuma palavra de ordem. Em cidades onde a cidadania está mais avançada, as pessoas costumam bradar para que o deprimido não consume seu gesto extremo. Motivos para depressão no Brasil estão distribuídos às fartas. O desemprego é o principal deles. Só em São Paulo, capital, existem mais de 10 milhões de pessoas que não sabem o que é uma carteira profissional assinada. Temos um plano econômico ancorado no desemprego. Toda vez que a nação ameaça retomar o desenvolvimento, o governo neoliberal do PT aciona a taxa de juros. Elevando a Selic, a atividade econômica reflui, o crédito é arrochado e a possibilidade de novos empregos diminui. Isso tem abarrotado as prisões de novos inquilinos, as filas a procura de empregos são quilométricas e o crime organizado penetra nos locais onde o Estado desapareceu. O gesto de hoje na Souza Naves até pode não ter conotação com o que foi escrito, mas se tiver, é de uma lógica perversa.
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