A Cohapar está no limite do seu orçamento. Por isso, está atrasando empenhos em nome de seus fornecedores. Por ser juridicamente uma autarquia, desfruta, como se fosse uma Cettrans, de independência financeira. Mas como tudo tem um limite, o sinal vermelho apareceu no painel da Companhia de Habitação do Paraná. Semana passada, o diretor-presidente, Rafael Greca de Macedo, esteve em Cascavel dia l8 e aproveitou a viagem para inaugurar dois conjuntos habitacionais de 39 casas em Ramilândia e de l6 em Missal, acompanhado do Júlio Morandi, que, na prática, é quem manda, sem ter caneta com tinta no escritório da autarquia na Paraná, na residência alugada junto à família Ulzefer, por um preço que não deve ser inferior a 10 mil reais. Para que se tenha uma noção da política austera que ali viceja, nem mesmo assinaturas de jornais como Hoje, Gazeta do Paraná e outros de menor importância e tiragem, é permitido. Apenas O Paraná, por ser órgão oficial e oficioso de praticamente todos os municípios regionais, é assinado.
Ainda sobre as casinhas de 40m², o prazo de pagamento é de 6 anos, não podendo a prestação ultrapassar 20% do mínimo. Se o salário-base ficasse congelado por este período, com mensalidades entre 45 e 48 reais, calcula Morandi, para ficar de dono do imóvel, sem riscos de perder a moradia por inadimplência, o mutuário teria que desembolsar entre 3,5 mil a 3,6 mensais. Ao governo do estado, cada unidade custa cerca de 15 mil reais, sendo que o governo federal, via Caixa Econômica, banca a metade. As prefeituras entram com o terreno, como fez o Tolentino, por exemplo, em l986, desapropriando uma gleba dos Neppel, colocando-a em nome de um laranja, para depois, ele mesmo revender a Cohapar, por preço acima do valor real. Em breve, assegura o Júlio Morandi, mais 25 unidades serão inauguradas no município de Missal, já que o governador Requião só ganhou do Osmar Dias, em 2006, nas pequenas localidades. E Missal, onde mataram o Sargento Alberi, em l979, é uma delas. Alberi dos Santos, para quem não sabe, ou se sabe já esqueceu, participou da Operação Três Passos, em l965, ao lado do Coronel Jefferson Cardim Osório, movimento artesanal financiado por Brizola, direto do Uruguai, que visava assassinar Castelo Branco durante a inauguração do Ponte da Amizade, entre Brasil e Paraguai, onde o São Paulo permitiu nos minutos finais, para desespero do Tarso, o empate com o Desportivo Luqueño. Para Três Passos, só mando abraços. Para Santa Maria, é tudo alegria. Em recente e excelente trabalho lançado em Foz do Iguaçu, pelo Aloisio Palmar, jornalista e ativista do MR-8 do passado, o episódio ganhou um capítulo denso e minuciosamente narrado, por que se não fosse assim, nem denso seria. Trata-se do livro Onde Vocês Enterraram nossos Companheiros? Palmar cita o nome inclusive de Roberto de Fortini, que, em Três Passos, em l971, tentou formar um grupo de guerrilheiros nas barrancas do Rio Uruguai, que acabou sendo desmantelado pela repressão brigadiana, depois que um tal Juvêncio, suposto amigo de Benjamin Osório, narrou aos militares o que vira: treinamento de guerrilha com uso de armamento. O dentista Reneu Mertz, que mais tarde se elegeria prefeito de Três Passos, foi um dos que foram mantidos presos num quartel do Exército, em Santa Maria. O extinto tablóide O Observador, editado em Três Passos, citando a Cooperativa de Jornalistas de Porto Alegre, já escrevera algo sobre o movimento, que, por pouco, se não prendessem o Reneu, morto de infarto em l99l, não abreviaria o tempo da ditadura de 25 anos para menos de 12 meses. Benjamin Osório, pai do Jarbas e de Itiberê, grandes amigos de Darci Bindé Araújo, foi preso em 1964, em sua casa de madeira, ao lado da agência do Banco do Brasil, em Três Passos, levado a Santa Rosa, onde ficou num quartel, por envolvimento com o Grupo dos Onze, entidade foquista de tendência brizolista. Eu devo um HC a Benjamin desde outubro de 64. Se o cachorro Capitu fosse mais atento, a brigada responsável pela prisão, não teria chegado incólume à residência onde também nasceu o Garpelé, glorioso nas quadras e nos campos, com seu uniforme amarelo e vermelho, sob a indiscutível liderança do futuro médico Jarbas. O nome do garboso cão, todo preto e de uma pelugem lustrosa, exuberante, atesta que naquela casa, Machado de Assis, é algo que não faltou, se faço de minhas memórias algo não póstumo. Capitu nunca foi acusado de algum abuso nas calçadas por onde eu o via e admirava pela sua elegância e soberba. Um cão para não se esquecer jamais. Por isso, Seu Capitu. Se Dostoieveski tinha o Carilhão, faço de Capitu o meu cão. “ Bugiuzinho”, dentro dos limites do tolerável, um pouco de minhas memórias, que, certamente, se confundem com as tuas, e, quem sabe, de mais pessoas de nossa querida cidade.
Ainda sobre as casinhas de 40m², o prazo de pagamento é de 6 anos, não podendo a prestação ultrapassar 20% do mínimo. Se o salário-base ficasse congelado por este período, com mensalidades entre 45 e 48 reais, calcula Morandi, para ficar de dono do imóvel, sem riscos de perder a moradia por inadimplência, o mutuário teria que desembolsar entre 3,5 mil a 3,6 mensais. Ao governo do estado, cada unidade custa cerca de 15 mil reais, sendo que o governo federal, via Caixa Econômica, banca a metade. As prefeituras entram com o terreno, como fez o Tolentino, por exemplo, em l986, desapropriando uma gleba dos Neppel, colocando-a em nome de um laranja, para depois, ele mesmo revender a Cohapar, por preço acima do valor real. Em breve, assegura o Júlio Morandi, mais 25 unidades serão inauguradas no município de Missal, já que o governador Requião só ganhou do Osmar Dias, em 2006, nas pequenas localidades. E Missal, onde mataram o Sargento Alberi, em l979, é uma delas. Alberi dos Santos, para quem não sabe, ou se sabe já esqueceu, participou da Operação Três Passos, em l965, ao lado do Coronel Jefferson Cardim Osório, movimento artesanal financiado por Brizola, direto do Uruguai, que visava assassinar Castelo Branco durante a inauguração do Ponte da Amizade, entre Brasil e Paraguai, onde o São Paulo permitiu nos minutos finais, para desespero do Tarso, o empate com o Desportivo Luqueño. Para Três Passos, só mando abraços. Para Santa Maria, é tudo alegria. Em recente e excelente trabalho lançado em Foz do Iguaçu, pelo Aloisio Palmar, jornalista e ativista do MR-8 do passado, o episódio ganhou um capítulo denso e minuciosamente narrado, por que se não fosse assim, nem denso seria. Trata-se do livro Onde Vocês Enterraram nossos Companheiros? Palmar cita o nome inclusive de Roberto de Fortini, que, em Três Passos, em l971, tentou formar um grupo de guerrilheiros nas barrancas do Rio Uruguai, que acabou sendo desmantelado pela repressão brigadiana, depois que um tal Juvêncio, suposto amigo de Benjamin Osório, narrou aos militares o que vira: treinamento de guerrilha com uso de armamento. O dentista Reneu Mertz, que mais tarde se elegeria prefeito de Três Passos, foi um dos que foram mantidos presos num quartel do Exército, em Santa Maria. O extinto tablóide O Observador, editado em Três Passos, citando a Cooperativa de Jornalistas de Porto Alegre, já escrevera algo sobre o movimento, que, por pouco, se não prendessem o Reneu, morto de infarto em l99l, não abreviaria o tempo da ditadura de 25 anos para menos de 12 meses. Benjamin Osório, pai do Jarbas e de Itiberê, grandes amigos de Darci Bindé Araújo, foi preso em 1964, em sua casa de madeira, ao lado da agência do Banco do Brasil, em Três Passos, levado a Santa Rosa, onde ficou num quartel, por envolvimento com o Grupo dos Onze, entidade foquista de tendência brizolista. Eu devo um HC a Benjamin desde outubro de 64. Se o cachorro Capitu fosse mais atento, a brigada responsável pela prisão, não teria chegado incólume à residência onde também nasceu o Garpelé, glorioso nas quadras e nos campos, com seu uniforme amarelo e vermelho, sob a indiscutível liderança do futuro médico Jarbas. O nome do garboso cão, todo preto e de uma pelugem lustrosa, exuberante, atesta que naquela casa, Machado de Assis, é algo que não faltou, se faço de minhas memórias algo não póstumo. Capitu nunca foi acusado de algum abuso nas calçadas por onde eu o via e admirava pela sua elegância e soberba. Um cão para não se esquecer jamais. Por isso, Seu Capitu. Se Dostoieveski tinha o Carilhão, faço de Capitu o meu cão. “ Bugiuzinho”, dentro dos limites do tolerável, um pouco de minhas memórias, que, certamente, se confundem com as tuas, e, quem sabe, de mais pessoas de nossa querida cidade.
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